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O que ainda não sabe e aos 30 saberá

Entre os 20 e os 30 são apenas 10 anos, mas vão ensinar-lhe muito mais do que aprendeu até agora. Não se surpreenda se quando chegar aos 30 tiver dificuldade em reconhecer aquilo que é hoje, e a forma como encara a vida. As mudanças não se notarão da noite para o dia, mas há […]

Entre os 20 e os 30 são apenas 10 anos, mas vão ensinar-lhe muito mais do que aprendeu até agora. Não se surpreenda se quando chegar aos 30 tiver dificuldade em reconhecer aquilo que é hoje, e a forma como encara a vida. As mudanças não se notarão da noite para o dia, mas há uma altura em que percebe que mudou, e muito, nos últimos anos. Sem querer estragar-lhe a surpresa, o “Business Insider” antecipa algumas das lições que vai aprender até lá.

O tempo é o seu maior ativo

Com essa idade o seu maior ativo não é o talento, nem as ideias, nem a experiência, mas o tempo. É a sua oportunidade de correr riscos, mesmo que sejam grandes. Pode interromper os estudos para fazer um ano de voluntariado na Índia, recusar uma proposta de emprego para lançar uma startup com colegas ou fazer as malas e partir à procura de oportunidades do outro lado do Atlântico. Não vai perder nada de especial. Procurar emprego aos 22 anos ou aos 25 é igual, o que interessa são as experiências que traz no currículo.

Nesta fase da vida ainda não carrega o peso das responsabilidades financeiras da maioria dos adultos: empréstimos da casa e do carro, colégio das crianças, seguro de vida. Pode ter pouco dinheiro, mas pode gastá-lo como quiser. Se a aventura correr mal, aprenderá uma lição para o resto da vida.

A amizade não é algo que se force

Há dois tipos de amigos: aqueles em que mesmo quando estão meses sem se verem, quando voltam a encontrar-se, nada mudou, e aqueles com quem se sente desconfortável depois de uma curta ausência. A verdade é que a amizade não se força, é algo espontâneo, é como o amor à primeira vista. Mas ainda assim, muitas vezes não é fácil prever quem serão os seus amigos para a vida, porque mesmo aqueles que hoje lhe parecem capazes de continuar a jogar futebol consigo daqui a vinte anos, podem afastar-se por algo tão simples, como uma nova namorada, um mestrado no estrangeiro ou um emprego em outra cidade. Não são nem melhores nem piores por isso. Apenas é assim que a vida acontece.

Não irá alcançar todos os seus objetivos

Até chegar à faculdade era fácil estabelecer objetivos e tentar atingi-los. Ter média para entrar na universidade, juntar dinheiro para comprar uma scooter, sair com a miúda mais gira da escola. Se conseguia, ótimo. Se não conseguia, era um falhado. Felizmente ao longo da vida vai perceber que as coisas não são sempre pretas ou brancas.

É normal que trace uma serie de metas para alcançar até aos 30, por exemplo, e quando lá chegar vai perceber que atingiu 40% delas, esforçou-se para conseguir outras 40% e não fez nada quanto às restantes 20%. E não vai ser infeliz por fazer esta descoberta, porque pelo caminho deve ter traçado novas metas que entretanto se revelaram mais interessantes, e teve de canalizar esforços para elas.

Parte dos objetivos que traçamos em determinadas fases da vida deixam de ser importantes e são substituídos por outros. Além disso, a vida vai ensinar-lhe que muitas vezes, o gozo vem do processo de escorregar e ser capaz de se levantar para seguir o caminho, e não tanto de conseguir chegar ao topo da montanha.

Ninguém sabe muito bem o que anda a fazer

Desde o secundário que sente uma enorme pressão nos ombros. Primeiro é preciso saber qual o curso a seguir e a melhor universidade. Depois tem de escolher a carreira e esfalfar-se para conseguir um emprego. De seguida, há que estar atento às oportunidades para chegar ao topo o mais rápido possível. No meio deste turbilhão, ainda arranja espaço para casar e ter filhos.

É natural que pelo caminho se sinta muitas vezes perdido, cansado, quase a atirar a toalha. Todos à sua volta parecem estar muito seguros do que querem e a andar mais rápido, enquanto você afoga as mágoas em vodkas até às quatro da manhã. Fique tranquilo, porque a verdade é que a maioria das pessoas da sua idade também não sabe para onde ir, e em muitos casos, continua a não saber à medida que os anos passam. Muitas movem-se por palpites e não por seguirem um guião criteriosamente pensado.

O importante é manter-se fiel aos seus valores, mas seguir as suas paixões sempre que isso for possível e aproveitar as oportunidades que surgem no seu caminho. Não estranhe se passar os primeiros cinco anos a trabalhar de sol a sol numa consultora e quando finalmente lhe oferecem um lugar de senior manager, bater com a porta e ir fazer um curso de gelados para Itália ou aceitar um convite para dirigir o marketing de uma pequenas empresa de pranchas de surf que o seu amigo de infância criou.

As pessoas são praticamente iguais em todo o lado

Se a sua carreira lhe permitir viajar, rapidamente vai descobrir que em qualquer parte do mundo as preocupações das pessoas são quase sempre as mesmas: dinheiro, trabalho e família. Todos querem ter bom ar e parecer importantes – mesmo os que já o são. Todos se orgulham das suas origens. Todos têm inseguranças e ansiedades que os afligem, independentemente do sucesso que têm. Todos receiam falhar e parecer idiotas. E todos amam os amigos e a família, apesar de serem a sua principal fonte de irritações.

Vai aprender a respeitar as pessoas não por aquilo que são, mas pelo que fazem. Muitos daqueles que lhes parecem confiáveis, são os primeiros a passar-lhe a perna. Não vai saber com quem está a lidar até passar tempo suficiente com as pessoas para ver o que elas fazem, e não o que elas dizem fazer.

A soma das pequenas coisas é mais importante que as grandes coisas

Numa entrevista a Dustin Moskovitz, co-fundador do Facebook, o jornalista perguntou-lhe como se sentia por ter feito parte do “sucesso repentino” do Facebook. A resposta foi algo do género: “Se por ‘sucesso repentino’ se entender passar noites a fio a programar, durante seis anos seguidos, digamos que foi muito cansativo e stressante”. Quando olhamos as situações de fora, só vemos os resultados e não o processo árduo que conduziu até eles (e até os fracassos que ficaram pelo caminho). Quando se é jovem, o desejo é fazer apenas grandes coisas que sejam capazes de mudar completamente o mundo. Porque ainda não há maturidade para perceber que as ‘grandes coisas’ não são mais do que uma sucessão de pequeninas coisas que se vão fazendo aos poucos e em silêncio, até se conseguirem transformar em algo realmente grandioso e bombástico.

A cultura pop é cheia de extremos; pratique a moderação

A sua vida vai melhorar substancialmente quando perceber que o que lê na internet apenas conta uns meros 5% na sua vida, e o que realmente interessa são os restantes 95% que vão acontecendo à sua volta, no mundo real. Se acreditar em tudo o que lê, o mundo parece um lugar cruel e sem cura. A III Guerra Mundial já começou mas ninguém quer assumir, as multinacionais devastam o mundo e as populações na busca cega pelo lucro, em poucos anos vai ter de se mudar para Évora porque as mudanças climáticas vão inundar Lisboa, enfim, um rol de desgraças. É importante perceber que felizmente a vida é mais simples do isso, as pessoas não são todas cruéis e que os abismos que parecem separar-nos não passam de pequenas fendas.

Afinal, os seus pais são pessoas normais


Esta talvez seja a maior desilusão dos seus 20 anos, quando descobre que afinal os seus pais não sabem mais do que os outros e são capazes de o proteger sempre, como acreditou desde criança. Nem autoritários e inflexíveis como os viu durante a adolescência. São apenas pessoas, com qualidades e defeitos, que procuram dar o seu melhor, mesmo quando não sabem exatamente como fazê-lo (volte ao ponto 4).

As probabilidades de terem falhado algumas vezes durante a sua infância são elevadas (afinal, as crianças não vêm com manual de instruções) e você vai começar a aperceber-se disso agora. Mas um dos primeiros marcos da vida adulta é o reconhecimento e a aceitação (e talvez o perdão) destas falhas. Reconhecer que eles tentaram sempre fazer o seu melhor, mesmo que muitas vezes não fizessem a mínima ideia do que isso era.